RIO - A tecnologia é a plataforma de um projeto social que está sendo desenvolvido em conjunto por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz e moradores das comunidades que habitam o entorno da instituição, no bairro de Manguinhos, no Rio. E um dos destaques desta parceria é a criação de um jogo de computador que busca conscientizar a população sobre uma doença que tem alta incidência entre a população menos favorecida da cidade: a tuberculose.
O game, chamado de “O caso da tosse misteriosa”, reúne informações sobre a doença – sintomas, causas e tratamentos – de uma forma lúdica e tem como alvo os jovens, que, para os pesquisadores da Fiocruz, são agentes de transformação ideais.
– Os jovens são os portadores do futuro – justifica o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Marcelo Firpo, responsável pelo projeto.
Ele e sua equipe de pesquisadores trabalham com jovens como Tiago Macedo, que nasceu e mora em Manguinhos há 22 anos. Tiago e outros jovens da comunidade aprenderam a produzir games com o programa Stagecast, num treinamento que durou seis meses e que contou com a consultoria da organização Moleque de Ideias.
– Tem muitas lan houses na nossa comunidade. Então, achamos que falar sobre saúde através de um game atrairia mais a atenção dos jovens para o problema da tuberculose – comenta Tiago.
Mas estes parceiros do bem não se ativeram apenas ao aspecto tecnólogico da questão. Através de reuniões entre cientistas, profissionais de saúde, moradores de Manguinhos e os próprios jovens participantes, foi levantado e selecionado o conteúdo para o jogo “O caso da tosse misteriosa”.
O projeto social, batizado de Laboratório Territorial de Manguinhos, se completa com outras investidas no meio tecnológico, como a criação do site www.conhecendomanguinhos.com.br, que traz uma quantidade substancial de informações sobre a comunidade.
O site traz histórias de moradores antigos e documentários em vídeo sobre a realidade local. Tudo feito com a participação dos jovens da comunidade, dentre eles muitos estudantes das escolas públicas de ensino médio da região.
– Estamos preocupados em utilizar tecnologias de informação e comunicação para que as comunidades produzam conhecimento sobre sua realidade – diz o pesquisador da Fiocruz.
“O caso da tosse misteriosa” é o primeiro jogo de uma série de games sobre saúde. Ele está em fase final de testes e depois estará disponível para ser jogado online no site do projeto. Haverá ainda um segundo jogo, que terá a dengue como tema e se chamará “Cadê o mosquito”.
No game sobre a tuberculose, o jogador assume o papel de um agente de saúde que tem como missão descobrir por que o personagem Pedro está tossindo tanto, qual a doença que ele tem e como fazer para evitá-la.
O agente de saúde virtual caminha por vários cenários inspirados na geografia real de Manguinhos. Cenários desenhados por uma jovem moradora de lá, Viviane Nonato, de 22 anos.
O jogador passa por locais, como um posto de saúde, uma ONG que atua na comunidade e até mesmo pela Fiocruz. Assim, ao passar por estes ambientes, o agente de saúde virtual vai reunindo informações sobre a tuberculose. No bar, por exemplo, ele descobre que o pai do personagem Pedro tossia muito e morreu por causa disso.
– Este projeto tem como objetivo produzir conhecimento compartilhado em questões de saúde, meio ambiente e cidadania nas comunidades. Há um distanciamento muito grande entre a produção acadêmica, as políticas públicas de saúde e o conhecimento da população sobre estas questões – comenta Marcelo Firpo.
fonte:jbonline.terra.com.br
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