Risco de epidemia de dengue é real para 2010 no Paraná
Circulação dos três sorotipos da doença ao mesmo tempo no Estado é um indício para a ocorrência de casos graves
Flávia Gradowski Sampaio
Estado e municípios passaram o ano em ações de prevenção à dengue: medo de epidemia (foto: Divulgação/Sesa)
O Paraná vive uma situação atípica e bastante preocupante em relação ao vírus da dengue. A única vez em que os três sorotipos da doença circularam ao mesmo tempo no Estado foi em 2002, e que foi o precursor para uma epidemia da doença no ano seguinte. Este ano, a Secretaria de Estado da Saúde já detectou a ocorrência da circulação dos três tipos do vírus, o que pode ocasionar um aumento no número de casos graves da doença no Estado. Por conta disso, o Dia D de combate à dengue, marcado para 14 de novembro, vem para trazer um alerta importante à população. A dengue está mais presente do que nunca e precisa ser combatida. |
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De acordo com o coordenador de combate à dengue da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná (Sesa), Ronaldo Trevisan, existem três sorotipos da dengue, o Den 1, Den 2 e Den 3. No ano de 2002, considerado um ano epidêmico com cerca de quatro mil casos da doença contabilizados no Estado, foi a primeira e única vez que ocorreu a circulação simultânea dos três tipos do vírus. No ano seguinte foram registrados cerca de nove mil casos no Paraná.
Desde então, a Sesa está em alerta máximo e chamando atenção de todas as secretarias municipais de saúde sobre os riscos da circulação concomitante dos três vírus. O fato é visto por Trevisan como um acaso, ocorrido por conta da alta circulação de pessoas que existe no país, mas que precisa ser levado a serio. Caso contrário, uma nova epidemia pode acontecer. “Estamos fazendo de tudo para que não tenhamos uma epidemia como aquela que ocorreu em 2007, quando foram registrados mais de 25 mil casos da doença. Mas é fato que pode ocorrer um aumento no número de casos graves. Se existem os três tipos no Estado é mais complicado. Uma pessoa sai de Curitiba e vai para Londrina, por exemplo, e depois volta para cá. Pode ter levado um tipo de vírus para lá e voltado com outro”, alertou.
Segundo ele, desde 2002, há o predomínio da ocorrência do sorotipo 3 no Paraná. Desde aquele ano, somente este tipo do vírus circulou no Estado. Nos anos anteriores, só circulavam os tipos 1 e 2 e, quando o 3 chegou, é que começaram a ocorrer as epidemias. Segundo Trevisan, com a circulação dos três tipos, as possibilidades de desenvolver casos graves são muito maiores.“Isso ocorre porque uma pessoa pode pegar os três tipos de dengue. Não importa se já pegou a 1. Pode ainda pegar a 2 e a 3. E, no caso de uma segunda infecção, as chances de ela vir muito mais grave são altas, porque o corpo daquela pessoa já está mais debilitado”, explicou Trevisan.
De acordo com o coordenador da Sesa, os três tipos de dengue têm virulências diferentes. Alguns podem desenvolver sintomas mais exacerbados do que outros, mas isso depende do momento epidemiológico. “O vírus no início da epidemia pode ser mais agressivo que ao final dela. Então, depende muito do momento. Não tem como dizer se um é mais perigoso que o outro”, explicou. Ainda de acordo com Trevisan, os três tipos da dengue foram isolados em diferentes localidades do Paraná. “O número 1 encontramos em Foz do Iguaçu, o 2 em Assis Chateaubriand e o 3 em Londrina. Já pode estar até mesmo ocorrendo mais de um tipo em uma mesma região”, disse. Sesa vai estimular o descarte
Para fazer frente a esta situação e evitar que uma nova epidemia venha a assolar o Estado, a Secretaria de Saúde lançou o dia D de combate à dengue, que acontecerá no dia 14 de novembro, e também a semana do descarte, também na primeira quinzena de novembro. Com o mote “Descarte os criadouros do mosquito de sua casa”, a Sesa pretende afastar as possibilidades de uma epidemia. “A ideia da campanha do descarte é que as pessoas peguem o criadouro e joguem fora. Porque a única forma de combater o vetor é indo até sua fonte. A campanha vem mesmo para mobilizar a população e mostrar que se ela não aderir ao movimento, a coisa pode ficar ruim”, explicou Trevisan.
Segundo o coordenador da Sesa, mais de 94% dos criadouros de dengue encontrados pelos agentes de saúde estão localizados nos domicílios, dentro de casa ou no quintal. O caso mais comum é o famoso vaso de planta com o prato de água embaixo. E o pior é que, quando agentes de saúde vão até as residências alertar para o risco, não são bem recebidos.
“As pessoas viram as costas para o agente e não levam em conta o que eles dizem. Há mais de 15 anos o setor de saúde pede para não deixar água parada debaixo dos vasos, e ainda assim é o que mais acontece. A população precisa contribuir fazendo uma limpeza em suas residências e tirando tudo o que for possibilidade de foco. Mais de 43% desses criadouros são de lixo reciclável, embalagens descartáveis de lata, plástico, vidro”, disse Trevisan.
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Para Trevisan, muitos dos bons hábitos que foram adquiridos com o surto da gripe a deveriam acontecer no combate à dengue. Mas a população, infelizmente, só age quando a situação é crítica. “Aprendemos com a gripe que lavar as mãos com frequência e não levar ao rosto reduziu entre 40 e 60% os casos de conjuntivite. E porque não mantemos esse bom hábito? As pessoas esquecem dele e voltam a fazer tudo como antes. O mesmo ocorre com a dengue”, apontou.
Todas as medidas relativas ao setor de saúde estão sendo tomadas pela Sesa para que a situação não saia de controle. “Seja treinamento do setor de saúde, treinamento dos agentes, orientação, informações sobre o mosquito. Tudo está sendo feito para evitar uma onda de dengue. Mas a população precisa colaborar. Senão, não há como combater o mosquito”, finalizou Trevisan. (FGS)Municípios se mobilizam o ano todoO Comitê Municipal de Combate à Dengue de Maringá iniciou na semana passada a estratégia de trabalho para o Dia D contra a dengue. Com 56 casos da doença confirmados no município neste ano, número similar ao observado em 2008, a proposta é mobilizar todos os setores integrantes do comitê para um trabalho de resultado.De acordo com o secretário de saúde do município, Antônio Carlos Nardi, um dia apenas é pouco para combater a dengue, mas cada setor envolvido no comitê deve iniciar desde já a preparação para a semana no descarte e o arrastão que deve ocorrer no município na primeira quinzena de novembro. A intenção do secretário é mobilizar cerca de mil pessoas e informar as comunidades a serem trabalhadas a retirar o máximo de resíduos que acumulam água das casas e terrenos. Nardi lembra que as chuvas das últimas semanas e o calor são fatores que podem levar a uma proliferação rápida do mosquito e um aumento no número de casos.
“De agora até maio todo o Brasil está sob o risco de uma epidemia de dengue com sérias consequências, e Maringá corre esse risco. Portanto, todos devem adotar o hábito de eliminar água parada”, alertou o secretário de saúde.
A coleta de resíduos acontecerá nas áreas com maior índice de mosquito, levando em conta o último levantamento realizado no município. Os moradores devem colocar nas calçadas todo o material que pode acumular água que precisam descartar, mas é importante lembrar que, mesmo naqueles locais onde não houver a coleta, os moradores devem evitar qualquer tipo de água parada. |
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A Secretaria Municipal de Colombo também vai participar do Dia D de combate à dengue. Através da equipe do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), o município permanece na ativa nos bairros eliminando os depósitos que possam acumular água parada e passando orientações aos moradores para a prevenção da dengue. A secretaria ainda não definiu como será realizada a semana do descarte e o dia de combate, mas garantiu que o município se mobilizará em prol desta causa. (FGS)
fonte:/www.bemparana.com.br
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