Londres, 3 ago (EFE).- Um grupo de cientistas identificou uma nova variante do vírus da aids em humanos (HIV) que mantém uma estreita semelhança com o vírus que gera esta mesma doença em gorilas, publica nesta segunda-feira a revista "Nature Medicine".
A descoberta, feita depois que pesquisadores estudaram o caso de uma mulher do Camarões, indica que tanto gorilas como chimpanzés podem transmitir aids aos humanos.
De acordo com o estudo, liderado por Jean-Christophe Plantier, da Universidade de Rouen (França), isso obriga a comunidade científica a controlar e a estudar melhor "o surgimento de novas cepas do HIV - vírus da imunodeficiência em humanos -, especialmente na África central e ocidental".
Apesar de desconhecida até agora e de manter uma estreita semelhança com o VIS - vírus da imunodeficiência em símios -, a nova variante do HIV pode ser combatida com os remédios já existentes, explicou um dos pesquisadores, David Robertson, à "BBC".
"Não há motivos para acreditar que o vírus causará problemas diferentes dos que já enfrentamos", disse Robertson, da Universidade de Manchester (norte da Inglaterra).
A possibilidade de a paciente estudada ter sido infectada por uma nova variante do HIV só foi cogitada após os primeiros exames de rotina.
A mulher, de 62 anos, foi diagnosticada com a doença quando chegou à França, em 2004. Mas alguns sintomas, como perda de peso e recorrentes episódios de febre, começaram um ano antes.
A paciente garantiu aos médicos que não manteve contato com gorilas nem comeu carne de símios ou animais selvagens. Mas admitiu que teve vários parceiros sexuais depois que o marido morreu, em 1984.
O HIV foi identificado pela primeira vez nos anos 1980, mas acredita-se que tenha surgido no começo do século XX, na República Democrática do Congo. Ele é a evolução de um vírus similar que afeta os chimpanzés (VIS) e, originariamente, foi transmitido aos humanos por meio da ingestão de carne de animais selvagens.
O caso da mulher camaronesa "não parece um incidente isolado, já que antes de chegar a Paris ela viveu numa área semiurbana da capital do Camarões, Iaundê", segundo o artigo publicado na "Nature Medicine".
Os especialistas da Universidade de Rouen também encontraram indícios de que a variante está adaptada às células humanas.
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