DECLARADA A GUERRA!
28/10
O
inevitável aconteceu. O Governo Federal moveu céus e terras e impediu a
votação do mérito do PL 7495/06 no último dia 23 de outubro. O
Governo teve que usar suas principais armas para impedir a votação do
Piso Salarial Nacional, deixando claro o seu posicionamento contrário a
criação do Piso Salarial Nacional dos ACS e ACE.
DAS ARMADILHAS
Durante
toda semana que antecedeu a votação do Piso Salarial, a CONACS
participou de inúmeras reuniões a pedido do Governo para se selar um
acordo. Ainda no 16/10 o Líder do PSC, Dep. André Moura, escolhido pelo
Governo como interlocutor da negociação, solicitou a presença da CONACS
em Brasília para apresentar a 1ª proposta do Governo que em síntese
previa:
1ª proposta:
Aceitava pagar o Piso Salarial de 2 salários mínimos, de forma
escalonada, em 5 anos, a partir de 2015, chegando a 2 salários em 2019,
desde que, ficasse garantido na redação do texto a obrigação da
contra-partida dos Estados para o pagamento dos encargos trabalhistas
dos ACS e ACE contratados pelos municípios, e em sendo aceito o Governo
apoiaria a votação na Câmara e no Senado, bem como, garantiria a sanção
da Presidente Dilma;
Resposta da CONACS:
A proposta foi aceita, com a ressalva de que o Governo deveria
encaminhar imediatamente um projeto de sua autoria, adequando o texto do
substitutivo apresentado pela Comissão Especial, aos valores do
escalonamento proposto, tendo em vista que, qualquer proposta que gere
impacto financeiro à União deveria ter iniciativa do Executivo. Por
outro lado, a CONACS só colocou uma exigência intransponível, que seja
qual fosse o PL a ser votado, que a sua votação ocorresse no dia 23/10,
como havia sido agendado anteriormente;
O
Governo Federal alegou não ter prazo para enviar o PL para votação dia
23/10, desmascarando as suas reais intenções de adiar a votação, e em
seguida, convocou uma reunião dos Líderes da base aliada para dia 21/10,
segunda-feira, véspera da votação. Ao mesmo tempo, solicitou nova
reunião com a CONACS, no mesmo dia 21/10, quando apresentou sua 2ª
proposta:
2ª proposta: O
Governo Federal, retirou sua proposta anterior e ainda condicionou seu
apoio a aprovação do PL 7495/06, à categoria aceitar a RETIRADA dos ACE
do texto do PL, aceitar um Piso Salarial de R$ 850,00 e a inclusão da
obrigação dos Estados em pagar aos municípios os encargos trabalhistas e
sociais dos ACS. E sob pena de não ser aceita essa proposta, o Governo
prometeria fazer de tudo para não acontecer a votação e se ainda ela
ocorresse, garantia que a presidente Dilma vetaria o Piso.
Resposta da CONACS:
A CONACS, em hipótese alguma aceita a exclusão dos ACE ao Piso Salarial
Nacional, e quanto à questão da vinculação dos Estados, considerou uma
proposta inconstitucional, visto que, fere o pacto federativo, se
configurando numa verdadeira armadilha jurídica e política, visto que,
traria os Governadores para se oporem diretamente ao Piso, abrindo novas
e intermináveis discussões;
Diante
da negativa da CONACS, o Governo Federal passou a usar suas armas e
estratégias corriqueiras dentro da Câmara de Deputados. Já na
terça-feira (22/10), em reunião de Líderes, o Líder do Governo e do PT,
quiseram estabelecer uma agenda de votações complicadas e polêmicas, que
praticamente inviabilizariam a votação do PL 7495/06 na quarta-feira
(23/10), fato que só não ocorreu por interferência do Líder do PSC, Dep.
André Moura (SE), Ronaldo Caiado (DEM/GO), e vários outros Líderes, que
reforçaram e apoiaram o posicionamento do Presidente da Câmara Henrique
Eduardo (PMDB/RN) de votar dia 23/10 o Piso dos ACS e ACE.
3ª proposta: Já
na quarta-feira (23/10), ainda pela manhã, o Governo Federal, por
interlocução do Deputado André Moura (PSC/SE), apresentou a sua última
proposta, que desta vez, dizia aceitar os ACE, fixar o Piso Salarial
para 2013 em R$ 850,00, e escalonar em 5 anos o Piso, chegando em 2017
equivalente à 1,4 salários mínimos, sob pena do Governo não deixar
aprovar o PL 7495/06;
Resposta da CONACS:
Nessa altura das negociações, a CONACS já havia percebido uma brusca
mudança no comportamento dos Líderes e deputados, e não havia mais
nenhuma certeza de quem poderíamos contar, caso houvesse um
enfrentamento com o Governo. Dessa forma, a CONACS fez a sua última
contra-proposta: Para manter os ACE junto com os ACS no Piso, aceitaria o
valor de R$ 850,00 para o ano de 2013 (faltando 2 meses para acabar o
ano), mas com um escalonamento de 3 anos para alcançar os 1,4 salários
mínimos. Essa contra-proposta foi feita tendo em vista que, seria
hipotecada o apoio do Governo para votação na Câmara de Deputados, no
Senado Federal e a imediata sansão da Presidente Dilma.
No
mesmo instante, a CONACS consultou as lideranças e representantes dos
22 Estados presentes, que debaixo de muita revolta, mas conscientes de
estarem fazendo o melhor para os 300 mil agentes do País, por maioria
absoluta concordaram com a proposta do Governo.
Todavia,
ainda em plenário, o Líder André Moura, recebeu uma ligação do Governo
retirando a sua proposta, e declarando literalmente GUERRA à categoria!
DA VOTAÇÃO
Com
tantas idas e vindas, ficou claro então qual era a estratégia do
Governo: DESESTABILIZAR A MOBILIZAÇÃO organizada pela CONACS junto aos
Parlamentares!
É
claro que se a categoria tivesse rejeitado a última proposta do
Governo, seria esse o argumento que seus líderes usariam na tribuna para
impedir a votação do Piso. Mas o Governo não teve outra escolha a não
ser nos enfrentar sem máscaras! E ao vivo, foi obrigado a mostrar o que
realmente pensa da categoria dos ACS e ACE.
O
líder do Governo Arlindo Chinaglia (PT/SP) chegou a dizer que os ACS e
ACE não representavam se quer 0,000005% da população brasileira, já o
Líder do PMDB dizia que não tinha medo de vaias porque não tinha nenhum
eleitor dentro da categoria. O líder do PT, José Guimarães (PT/CE)
alegou que o Governo não teve “tempo” para analisar o PL e que por isso
encaminhava a bancada do PT em obstrução, já apoiando a proposta de nova
data de votação para o dia 12/11, quando estaria se comprometendo a
votar com ou sem acordo com o Governo. Além do PT e PMDB o PP e o PROS
encaminharam suas bancadas para obstruírem a 1ª votação do regime de
urgência do PL 7495/06.
A primeira estratégia do Governo furou!
Dos 38 Petistas presentes a votação, 16 votaram contra o Governo. No
PMDB a dissidência foi ainda maior, dos 37 parlamentares presentes, 22
votaram contra o Governo e a favor da categoria. No PP, observamos que a
bancada não segue o seu Líder, que orientou para obstrução, mas dos 27
parlamentares presentes, 26 desobedeceram o seu Líder Eduardo da Fonte, e
votaram contra o Governo. Assim também foi o comportamento dos
deputados do PROS, que em 12 presentes, 9 votaram contra o Governo,
mesmo seu Líder pedindo para obstruírem.
Diante
do resultado da primeira votação, o Governo percebeu claramente que
havendo a discussão do mérito, a categoria sempre terá vantagens!
Por isso, na segunda votação,
mudou sua estratégia, passou a esvaziar o Plenário, fazendo com que
regimentalmente não houvesse quorum para nenhuma outra votação!
CONCLUSÕES
A
CONACS diante de tudo que ocorreu, não se sente derrotada, entende que
no mínimo temos um empate! Pois na verdade, temos que estar prontos para
essa nova fase de votações, e isso significa que estaremos enfrentando a
“toda poderosa máquina do Governo”, com suas chantagens,
ameaças, e vantagens políticas e financeiras, que influência diretamente
o posicionamento de cada parlamentar em plenário. Mas mesmo com tudo
isso, ficou provado que, a categoria, no voto aberto, tem mais força que
o Governo.
O
que temos em nossas mãos hoje são nomes e sobrenomes dos parlamentares
que realmente nos apóiam e daqueles que nos traíram. Isso muda vários
aspectos das nossas estratégias de trabalho, sendo fundamental, que a
partir de agora a categoria se mantenha mais do que nunca UNIDA, já que a
Guerra está declarada e o 1º campo de batalha já foi definido. Temos
que usar da razão e do poder de mobilização e coação popular para
vencermos mais essa batalha. Veja nas próximas matérias o Raio-X das
votações e quais serão os próximos passos da CONACS.
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